Motos

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Tudo sobre a suspensão traseira da sua moto

Caio da Luz de Freitas
Engenheiro de Aplicações

Apesar do avanço no desenvolvimento dos motores e sistemas de transmissão das motocicletas, outros conjuntos também precisam ser aprimorados para garantir boa dinâmica e segurança durante a pilotagem. Muitas vezes, a suspensão de uma moto de alta performance é mais determinante em seu desempenho e resultado do que o sistema de propulsão.

A suspensão desempenha algumas funções fundamentais para o bom funcionamento de uma moto, tais como: garantir a tração, controle, conforto, segurança e performance. Para garantir máximo domínio durante a pilotagem, seja em situações de aceleração, curvas ou frenagens, é importante utilizar uma configuração adequada ao seu uso e realizar a manutenção periódica da sua suspensão.

O mesmo conceito de transferência de carga que interfere no projeto e funcionamento do freio das motos, também influencia em demandas distintas para os conjuntos dianteiro e traseiro da suspensão. A configuração das motos, distribuição de massa, posicionamento do motociclista, condições de atrito e imperfeições da pista, modo de uso (competição ou diário, off road ou asfalto, etc.) e estilo de pilotagem são pontos que acarretam necessidades distintas de uma suspensão, dianteira ou traseira.

Suspensão dianteira vs suspensão traseira da moto

Apesar dos conceitos básicos serem semelhantes, os conjuntos de suspensão da frente e traseira de uma moto possuem características distintas.

A suspensão dianteira – popularmente conhecida por bengala ou garfo – possui maior amplitude de trabalho. Isto é, o curso de funcionamento do sistema é maior. 

Por outro lado, apesar do maior curso de suspensão na dianteira, a frequência de trabalho é menor quando comparado ao sistema traseiro. Na demonstração a seguir temos em destaque a característica de funcionamento da parte dianteira da moto.

Ilustração que representa a amplitude e frequência com foco na suspensão dianteira da moto.
Representação da amplitude e frequência com foco na suspensão dianteira.

Como as bengalas dianteiras possuem maior amplitude para trabalhar, contam com maior área para dissipação de energia. Além de possuir mais superfícies para a troca de calor, as bengalas também estão mais expostas ao vento que coopera com o resfriamento do conjunto.

Já a suspensão traseira possui regime de trabalho com exigências distintas: menor amplitude e maior frequência de trabalho. O curso do amortecedor traseiro é menor comparado ao movimento exercido pelos garfos dianteiros, porém realiza mais ciclos dentro do mesmo intervalo de tempo.

Ilustração que representa a amplitude e frequência com foco na suspensão traseira da moto.
Representação da amplitude e frequência com foco na suspensão traseira.

O conjunto de suspensão traseira costuma carregar maior massa do que as bengalas devido às configurações de chassi e posicionamento do motor e piloto. Além da carga aplicada recorrentemente, possui uma pequena área para dissipar o calor devido à menor amplitude de trabalho. Em alguns casos, o posicionamento do amortecedor também é desfavorável à troca de calor por ar forçado, aumentando assim a exigência do sistema.

Amortecedor Traseiro (Shock Absorber)

Para atender a diferentes especificações e demandas, as montadoras exploram algumas configurações distintas para o conjunto de suspensão, e o principal elemento da suspensão traseira de uma moto é o amortecedor.

O princípio básico de funcionamento de um amortecedor consiste em retardar e controlar a ação da mola. Enquanto a mola permite absorver a energia de obstáculos e impactos sofridos, o amortecedor permite que essa energia absorvida seja devolvida de modo progressivo – sem quicar descontrolada e perigosamente.

Para controlar a ação de retorno causada pela mola, o amortecedor conta com um fluido hidráulico que se movimenta por válvulas e restrições, de modo a proporcionar a progressividade necessária.

Hardtail

As tecnologias empregadas nos conjuntos de suspensão atuais têm se tornado cada vez mais complexas, principalmente por conta dos sistemas de controle e atuação. Todavia, alguns modelos de motos antigas apresentavam suspensão mais simples ou até mesmo nenhum tipo de amortecimento em alguns casos.

Motos sem suspensão traseira são conhecidas como hardtail (rabo-duro), já que a traseira da moto não absorve as irregularidades da pista. Além dos modelos passados que traziam tal configuração, alguns projetos de customização, principalmente de choppers, podem deixar de lado a suspensão traseira, cabendo ao pneu, banco ou outras peças alternativas amenizar os impactos sofridos.

Foto de uma moto que utitiliza o tipo de suspensão traseira hardtail.
Chopper customizada com quadro tipo rabo-duro.

Dual Shock

A suspensão Dual Shock ou Twin Shock utiliza dois amortecedores para absorver os impactos e imperfeições da via. Mesmo utilizando um par de amortecedores para realizar o trabalho de suspensão, essa configuração costuma ser mais econômica e apresenta manutenção mais simples.

Por outro lado, como o sistema conta com duas peças independentes, a dificuldade para igualar a variação entre um lado e outro pode resultar em torção na balança, de modo a afetar características de pilotagem, frenagem e desgaste da roda traseira. O amortecimento irregular também pode oferecer menor estabilidade em alta velocidade e curvas durante a pilotagem.

Motos de baixa cilindrada, scooters ou modelos de categorias estradeiras costumam ser equipadas com suspensão Dual Shock, podendo variar a posição dos amortecedores de acordo com o posicionamento do quadro e motor da moto.

Mono Shock

Como o próprio nome indica, a suspensão Mono Shock conta com um único amortecedor posicionado geralmente na linha do centro de gravidade da moto. O amortecedor, com diâmetro significativamente maior – comparado aos utilizados na suspensão Dual Shock – oferece melhor contato com o solo e maior estabilidade em curvas e alta velocidade.

Apesar de oferecer melhor controle e estabilidade, a suspensão Mono Shock não é a mais adequada para suportar cargas excessivas. O custo de fabricação deste tipo de amortecedor costuma ser elevado devido a sua complexidade, encarecendo também os valores gastos com manutenção ou substituição.

Independente do tipo de suspensão traseira que sua moto possui, as exigências sobre o sistema serão sempre altas e o fluido escolhido deve atender algumas especificações, já que será o grande responsável pela performance e vida útil do sistema.

Algumas das propriedades que devem ser atendidas pelo óleo utilizado em amortecedores traseiros são:

  • Característica antioxidante;
  • Longa vida útil;
  • Anti fricção;
  • Anticorrosão;
  • Antidesgaste;
  • Extrema pressão;
  • Proteção dos retentores;
  • Antiespumante;
  • Resistência em altas temperaturas;
  • outras. 

Além dos fatores apontados, é importante que o fluido para suspensão traseira apresente um alto Índice de Viscosidade. Mas afinal, o que é Índice de Viscosidade?

Índice de Viscosidade

A viscosidade caracteriza a resistência de um fluido ao escoamento, de modo que, quanto maior a viscosidade, maior a resistência que o fluido tem para fluir. Quando a viscosidade é mais baixa, a resistência para escoar é menor, portanto a velocidade de circulação do fluido menos viscoso é maior.

A temperatura age diretamente na viscosidade, pois quanto maior a temperatura do fluido, mais baixa é a viscosidade. E o contrário também é verdadeiro. Para ilustrar a relação entre temperatura e viscosidade, podemos pensar em um tablete de manteiga. Quando tiramos a manteiga da geladeira, ainda fria, sua consistência é dura e não escorre na frigideira, isto é, em baixa temperatura, a manteiga apresenta alta viscosidade.

Conforme aumentamos a temperatura da panela, a manteiga começa a derreter e facilmente se espalha, de modo que, em alta temperatura, apresenta menor resistência para fluir (baixa viscosidade).

Como a viscosidade dos óleos, em geral, é fator determinante dos ajustes e configurações, para garantir o desempenho dos sistemas onde são aplicados, é importante compreender o comportamento do fluido em diferentes temperaturas e quais alterações temos com a variação.

O Índice de Viscosidade (IV) ou Viscosity Index (VI) indica a variação da viscosidade em relação à temperatura. Quanto mais alto é o IV, menor é a variação da viscosidade.

Na representação a seguir é possível comparar um fluido com Alto IV e Baixo IV. O intervalo de temperatura do fluido com Índice de Viscosidade mais alto é maior, já que a viscosidade continua atendendo o aceitável mesmo com maior variação da temperatura.

Representação gráfica do Índice de Viscosidade.

O alto VI de um fluido utilizado em um amortecedor traseiro é fundamental, pois garante maior estabilidade em situações distintas durante a pilotagem. Com a variação e superaquecimento do conjunto, conforme vai sendo exigido, é importante que a resposta e desempenho da suspensão seja progressiva e constante em qualquer situação enfrentada.

Shock Oil Factory Line

Como descrito, além de evitar o contato entre as peças da suspensão, o óleo escolhido para um amortecedor traseiro deve desempenhar algumas funções, como: fluido hidráulico, dissipação de energia, vedação, evitar espuma, oxidação e corrosão.

Um bom óleo de suspensão deve possuir boa estabilidade sob altas temperaturas e reter o IV por longos períodos, assim como ter uma vida longa e um modificador de atrito de alta qualidade.

Por tais motivos não é recomendada a utilização de óleos para motor ou transmissão em suspensões, já que não apresentam as características necessárias exigidas para essa aplicação. O lubrificante de motor ou de câmbio pode até atingir a viscosidade requerida, porém não atende às exigências de uma suspensão, já que sua formulação busca cobrir demandas distintas.

Para garantir melhor desempenho, estabilidade e segurança da suspensão traseira de sua moto, recomendamos o uso do Shock Oil Factory Line. Ele foi especialmente desenvolvido para suspensões traseiras (amortecedores) sob condições extremas e competições.

Características do Shock Oil Factory Line

O Shock Oil Factory Line é um produto com tecnologia Technosynthese® de base Ester e altíssimo Índice de Viscosidade – VI 400. Com isso, ele assegura uma eficiência de absorção de impacto excepcional em motos de competição. Além disso, possui efeito multiviscoso para garantir melhor desempenho enquanto a temperatura varia.

Para atender as altas demandas de uma suspensão traseira altamente exigida, o produto traz propriedades antioxidantes para resistência a alta temperatura e aumento da vida útil do amortecedor. Contém aditivos anti fricção especialmente desenvolvidos para proporcionar movimentos suaves.

Por fim, o lubrificante apresenta compatibilidade e proteção das vedações, tendo aditivos antiespumantes de ação rápida para uma eficiência máxima de amortecimento.

Motul Shock Oil Factory Line.

Mas, se ainda estiver em dúvida sobre qual produto utilizar na suspensão traseira da sua moto, acesse o nosso Guia de Aplicação. Ele também está disponível no aplicativo Motul Expert, na App Store e Google Play, então baixe agora!

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