Antes de apresentarmos o que é um fluido de arrefecimento automotivo, suas funções e evolução tecnológica, é necessário falarmos sobre o conjunto em que estão inseridos e os meios de refrigeração de um motor à combustão interna.
Todos os motores à combustão interna, inclusive os automotivos, devem ser refrigerados. Inicialmente, explicaremos os dois métodos mais comuns de refrigeração dos motores de veículos: refrigeração somente a ar e refrigeração ar e líquido refrigerante.
Curiosidade: o Fluido de Arrefecimento também pode ser encontrado no mercado por outros nomes, como líquido refrigerante, aditivo de radiador ou pelo termo em inglês “Coolant”. Por isso, não estranhe! Todas essas nomenclaturas se referem a este líquido que é essencial para o bom funcionamento do motor.
Este método é o menos complexo, porém, o mais limitado. Neste processo, a troca térmica ocorre por meio de radiação e a parte externa do motor possui aletas para aumentar a área de contato entre o ar e o motor, a fim de melhorar o rendimento do arrefecimento. Atualmente, este modelo de refrigeração é utilizado em motos de baixa cilindrada e pequenos motores.
Para melhorar a eficiência do sistema de refrigeração a ar, principalmente quando se trata de motos de média cilindrada, também existe a possibilidade de utilizar um radiador de óleo. Com isso, a área de contato para a troca térmica é aumentada, assim como a massa de óleo.
Este é o método mais eficiente. O ar externo, por meio da movimentação do veículo, ainda é útil para o bom funcionamento do sistema, no entanto, este modelo o torna menos dependente dessa movimentação e permite o bom funcionamento seja em condições severas, no uso cotidiano ou em motores de alto desempenho que, naturalmente, trabalham com temperaturas elevadas.
Aplicado amplamente em motos de alta cilindrada, carros, caminhões e em motores que exijam mais controle da temperatura de trabalho, este sistema é mais complexo e pode apresentar algumas variações de acordo com a demanda do motor. Abaixo demonstraremos essa estrutura:
O fluido correto para este tipo de sistema costuma gerar muitas dúvidas, como a influência da cor, o impacto de completar o nível com água mineral, características de desempenho, como identificar o produto correto, entre outras.
Algumas pessoas costumam, erroneamente, utilizar água ao invés do fluido de arrefecimento. Porém, esse ato pode ocasionar diversos problemas, como o aumento da tendência à corrosão, resultando em perda de material metálico e, consequentemente, desgaste nas peças e vazamentos que podem danificar totalmente o motor ou a transmissão automática (o lubrificante do câmbio automático é refrigerado por este sistema).
Além disso, essa atitude poderia ocasionar a formação de camadas de depósitos que entopem a tubulação ou causam deficiência na troca térmica (superaquecimento e diminuição de rendimento do circuito).
Outra característica negativa da água, ainda que seja desmineralizada, nesta aplicação é a temperatura de congelamento e ebulição, que, a nível do mar é respectivamente 0ºC e 100 ºC. Ou seja, existe o risco de congelamento da água no motor.
Após essa breve introdução, podemos citar os pontos abaixo como as principais funções de um líquido de arrefecimento:
A diminuição do ponto de congelamento e elevação do ponto de ebulição é obtida com a relação entre a água e o etilenoglicol (também conhecido como monoetilenoglicol – MEG). É importante destacar que a água descrita aqui é nos parâmetros adequados para este uso, com ph e níveis de sais controlados.
A durabilidade do líquido de arrefecimento e a capacidade de proteção dos componentes internos do sistema está diretamente ligada ao equilíbrio entre os inibidores de corrosão e os controladores de ph, não somente na utilização ou não de etilenogilcol.
Quando falamos sobre os aditivos do líquido de arrefecimento, podemos destacar o uso da tecnologia de aditivos convencionais, tecnologia de ácidos orgânicos híbridos (HOAT) e tecnologia de ácidos orgânicos (OAT). Há também a tecnologia Lobrid que, no Brasil, é utilizada principalmente nos veículos Volkswagen, Audi e Porsche (mas pode ser exigida por Mercedes Benz e alguns veículos pesados).
A recomendação da tecnologia do produto a ser aplicado no veículo deve ser feita pela montadora, isto porque o produto ideal está diretamente ligado aos materiais do sistema e a durabilidade requerida para o intervalo de troca.
É composto de aditivos inorgânicos, possui baixíssima durabilidade (se comparado a produtos mais modernos) e, quando ocorre a degradação do produto, ele se torna altamente corrosivo. Esta tecnologia está em desuso para veículos mais novos.
Produtos com esta tecnologia possuem durabilidade mais longa do que os convencionais e são baseados em ácidos orgânicos com adição de silicatos para proteção adicional ao alumínio, podendo conter boratos para o controle de ph e proteção de elementos de ferro.
Perfil mais utilizado pelas montadoras atualmente, estes produtos possuem vida útil prolongada, proteção contra cavitação na bomba d’água, compatibilidade com selos do motor e excelente interação com as partes internas do motor e do sistema de arrefecimento em geral.
Tecnologia mais recente a ser implementada em maior escala por algumas montadoras, com destaque para a norma da Volkswagen G 13 – TL 774-J. Este termo é aplicado para produtos orgânicos com adição de silicatos (Si-OAT) ou para os orgânicos com adição de fosfatos (P-OAT).
A norma da VW ainda é baseada no uso de glicerina, gerando menos poluição durante o processo de produção e causando impactos na natureza (se comparado aos produtos anteriores).
Independentemente da tecnologia, todos os produtos podem ser concentrados ou prontos para o uso. Como o nome já diz, o concentrado possui alta quantidade de Etilenoglicol e aditivos para que, no momento da diluição com água desmineralizada, a solução esteja equilibrada.
O produto pronto para uso não deve ser diluído, pois, já está totalmente formulado para aplicação. A vantagem deste produto é a certeza de que não haverá erro de proporção e a água utilizada na formulação possui o padrão ideal para um líquido de arrefecimento.
É comum que as pessoas utilizem a coloração do produto original como referência. No entanto, a coloração não tem influência no desempenho técnico e químico do produto. A cor é a ação do corante que tem o papel de facilitar a verificação de nível e a identificação do produto. O importante, no momento da escolha, é a tecnologia do pacote de aditivos e a norma exigida pelo fabricante.
É importante sempre respeitar a segmentação do produto, carros ou motos, para obter a máxima performance do seu sistema de arrefecimento, uma vez que a composição dos metais nos motores e radiadores podem ser diferentes, o intervalo de troca é distinto, assim como o regime de rotação e trabalho.
Aplicar o produto desenvolvido para carro em uma moto (ou vice e versa) não causaria danos severos ao veículo (como aconteceria com o erro no sistema de óleo de motor), mas, reforçamos que o ideal é utilizar um produto desenvolvido para o fim correto.
Na Motul, você encontrará os produtos certos para cada finalidade. Sendo o Motocool para aplicações em motocicletas e o Auto Cool para veículos leves. Veja o exemplo abaixo:
A corrosão ou incrustação acontece com o acréscimo de líquidos fora de padrão, produtos de baixa qualidade, fora de especificação e por envelhecimento do líquido de arrefecimento. É importante que a manutenção seja realizada dentro do intervalo recomendado, que é determinado pela montadora, para evitar esses e outros acontecimentos ou problemas.
Lembrando que não é recomendado misturar fluidos com tecnologias distintas ou marcas diferentes por conta do equilíbrio químico de cada produto. Além disso, lembre-se sempre de realizar a limpeza do sistema no momento da troca para garantir que o fluido envelhecido seja retirado do sistema.
Nas fichas técnicas dos nossos produtos é possível conferir as normas, a tecnologia e características de desempenho de cada um.
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