Existem muitas dúvidas sobre a necessidade de fazer a manutenção preventiva na transmissão automática que, em geral, trata-se da substituição do fluido da transmissão.
Infelizmente, não há uma padronização por parte das montadoras em relação ao período de troca deste fluido. Em alguns casos, essa troca não é nem mesmo mencionada no manual do proprietário, enquanto outros indicam que este fluido deve apenas ser inspecionado e, se constatado condições severas de uso, prosseguir com a substituição.
Sabemos que essa falta de padronização na comunicação pode confundir o proprietário do veículo. Por isso, vamos expor a importância de realizar a troca de forma preventiva.
Antes de iniciarmos com a manutenção preventiva, é importante conhecer a diferença entre os tipos de transmissões e fluidos específicos, leia o artigo específico sobre este tema aqui.
O lubrificante desempenha os seguintes papéis nas transmissões automáticas, CVT e dupla embreagem úmida:
Se compararmos com os lubrificantes de transmissões manuais ou automatizados, vemos que os ATF’s (Automatic Transmission Fluid) são bem mais atuantes, funcionando como uma peça vital para o sistema de transmissão.
É possível encontrar a descrição de “fluido vitalício” em alguns manuais. Isto não quer dizer que o lubrificante não se degradará, mas sim, que o fabricante não prevê a substituição do fluido, indicando que este será utilizado até o fim da vida útil da transmissão. Porém, todo fluido sofre degradação e, a partir desta deterioração, a capacidade de cumprir suas funções diminuem.
Comparado ao óleo do motor, o fluido da transmissão, não sofre com a contaminação pelo combustível e isto, somado às características dos produtos e aplicações, fazem com que estes lubrificantes tenham um intervalo de troca maior. Porém, não se engane! Mesmo sem sofrer o ataque químico da má combustão, o ATF sofre oxidação com a temperatura elevada, alto cisalhamento, há a tendência de formação de espuma, consumo dos aditivos detergentes e outras particularidades que contribuem para a degradação. Como resultado, presenciamos a baixa performance hidráulica ao longo do uso.
Com o objetivo de controlar a temperatura de forma mais eficiente e proporcionar melhores condições ao fluido, algumas montadoras utilizam um radiador de óleo para o fluido da transmissão e outras adicionam apenas um trocador de calor. Como o controle da temperatura é extremamente importante para o sistema de transmissão automática, em alguns casos, o mesmo veículo conta com radiador de óleo, um trocador de calor e válvula termostática.
Note que existem projetos distintos de transmissão de um veículo para outro, isso contribui para maior ou menor vida útil do lubrificante, mas ainda há fatores que podem diminuir muito o intervalo de troca, como:
Ao retirar uma pequena amostra da condição do fluido, é possível notar a diferença entre um fluido novo, usado e quando há indícios de desgaste da transmissão. O fluido novo é translúcido e não possui partículas suspensas no óleo e lubrificante usado e apresenta coloração escura, baixa translucidez e leve odor característico de óleo usado.
Já no caso de desgaste mecânico da transmissão, alguns indícios podem ser observados na amostra, como excesso de depósitos de material particulado, odor acentuado de queimado e presença de limalhas. Além destas condições, há também a possibilidade de contaminação por água ou líquido de arrefecimento. Caso o fluido esteja em alguma dessas condições, recomendamos a manutenção mecânica da transmissão.
Como dito anteriormente, não há consenso entre os fabricantes e alguns não citam o plano de manutenção programada no manual do proprietário. Porém, algumas montadoras já têm alterado essa recomendação. Veja exemplos:
No segmento de reparação automotiva, inclusive entre as oficinas especializadas, a recomendação é que o fluido da transmissão seja substituído durante a manutenção preventiva, prolongando a vida útil da transmissão e evitando danos maiores.
O indicado é que a troca seja feita a cada 50.000km ou três anos (com exceção das montadoras que determinam a troca antes desse período), em condições normais de uso, e para veículos que operam em condições severas de uso ou câmbios com históricos de degradação do fluido precoce, o mais seguro é realizar a troca antecipadamente. Dessa forma, evitamos problemas durante o uso, como desgaste e queima das embreagens e desgaste dos solenóides, válvulas e corpo de válvulas, que podem gerar um custo alto e demorado do reparo.
Confira agora alguns mitos e verdades sobre o fluido de transmissão e o procedimento de troca:
Aplicar o produto correto e seguir o procedimento de troca são tão importantes quanto realizar a substituição do lubrificante. Esses detalhes são essenciais para executar a troca de maneira segura e adequada.
No mercado, é possível encontrar a troca manual, também conhecida como troca parcial, ou a troca total com máquina. Neste segundo caso, é necessário a instalação de uma máquina no sistema de transmissão para prosseguir com o serviço.
A nossa recomendação é sempre realizar a troca total com máquina para garantir que 100% dos componentes da transmissão tenham o fluido substituído. Na troca parcial, só é possível retirar o lubrificante que está no cárter da transmissão, sem substituir o óleo presente no conversor de torque, mangueiras, radiador de óleo e outros. Veja a imagem abaixo:
Na troca com a máquina, a eficiência da substituição é maior. A máquina é inserida em série no sistema de refrigeração do óleo, realizando a troca do fluido com o veículo em funcionamento e fazendo com que todo o conteúdo seja substituído. Para um serviço ainda mais completo, recomendamos a troca do filtro de transmissão, caso seja possível acessá-lo no veículo.
Além dos cuidados com a manutenção preventiva do câmbio automático, é importante ficar atento ao sistema de arrefecimento do veículo, componente responsável, dentre outras coisas, pela refrigeração do fluido da transmissão automática.
Em caso de contaminação do fluido por água ou líquido de arrefecimento, rodar poucos quilômetros com o veículo pode causar danos irreversíveis à transmissão.
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