Na hora de escolher o lubrificante para a motocicleta, podem surgir algumas dúvidas com relação à classificação (mineral, semissintético ou sintético) e a viscosidade do óleo. Mas, existe ainda um outro aspecto tão importante quanto estes: a especificação do lubrificante para a aplicação na moto. Então, neste post, explicaremos o que é a especificação JASO T903, a norma do coeficiente de atrito do lubrificante que permite o correto funcionamento da embreagem úmida.
Falando no quesito lubrificante, a diferença entre o motor de um carro para o da moto está na caixa de câmbio e sistema de embreagem. Veja a diferença nas imagens abaixo:
No carro, o óleo do motor é responsável por garantir a exigência da montadora somente para o motor que, em geral, tem um grande interesse em lubrificantes de baixa viscosidade com formulações que otimizam o benefício de economia de combustível e em intervalos prolongados de troca.
Nas motos, o lubrificante deve cumprir suas funções no motor, mas também deve atender aos requisitos da caixa de câmbio e da embreagem. Na maioria das motos, o sistema é lubrificado pelo mesmo óleo. Por isso, ele exige que o lubrificante tenha o coeficiente de fricção controlado de modo a permitir o funcionamento correto da embreagem.
Devido essa particularidade de exigência, a JASO (Japanese Automotive Standards Organization) – uma organização japonesa que estabelece padrões ou normas para o segmento automotivo – determina os limites de controle e classificações para garantir que o lubrificante seja aplicável na motocicleta através do padrão Motorcycles – Four-Stroke cycle gasoline engine oils (JASO T903).
Antes da explicação sobre a norma vigente para as motocicletas, é importante reforçar que um lubrificante certificado pela norma JASO possui a qualidade e performance atestada pela entidade. Além disso, ele deve trazer o código de registro em sua embalagem e nos documentos técnicos.
Há também padrões JASO para motores diesel, motor 4 Tempos e motor 2 Tempos movidos a gasolina. O padrão para motos é o JASO T903, que em sua versão mais recente respeita os parâmetros de 2016.
Como dito antes, a grande necessidade de um fluido específico para a moto está diretamente relacionada à embreagem, pois se o lubrificante promover atrito inadequado, a moto pode sofrer com o deslizamento dos discos e perda de tração ou desconforto na condução.
Ao aplicar um lubrificante com baixo atrito, como os lubrificantes de carro ou quando se usa aditivos que reduzem o atrito, a embreagem pode sofrer com deslizamento. O resultado é o efeito de “patinação”, que acontece quando a energia mecânica do motor se transforma em energia térmica na embreagem. Ou seja, o torque do motor se perde através do deslizamento da embreagem, fazendo com que, além da perda de torque, o sistema ainda sofra com calor, causando também a queima dos discos de embreagem.
Com a finalidade de estabelecer parâmetros que ofereçam o correto atrito para a embreagem, a JASO, através do padrão T903:2016, indica os parâmetros: JASO MA, JASO MA1, JASO MA2 e JASO MB, de acordo com o nível de coeficiente de atrito.
São feitos três testes para reproduzir situações de serviço e verificar a capacidade do lubrificante de evitar o deslizamento:
Teste de Fricção Dinâmico que simula uma velocidade máxima de giro do motor e verifica a capacidade do lubrificante em manter rotações extremas em regime constante.
Teste de Fricção Estática que representa o índice de atrito entre os discos da embreagem em situação de aceleração.
Indica o tempo necessário para interromper completamente o deslizamento dos discos. O tempo de intervalo curto fornecerá os valores de índice mais altos. Ou seja, o JASO MA2 apresenta o índice mais alto, portanto requer um tempo menor para deter os discos de embreagem.
Em números, os índices calculados de atrito e exigidos pela JASO T903:2016 são:
Fornecer o melhor nível de atrito para o funcionamento adequado é um critério tão importante para o desenvolvimento do lubrificante que ele só poderá ser registrado como JASO MA2 se atender a todos os índices da respectiva classificação.
Caso o lubrificante atenda a JASO MA2 em dois parâmetros, mas no terceiro atender a JASO MA1, ele deverá ser registrado como JASO MA. Assim como o lubrificante que apresentar qualquer índice compatível com a JASO MB deverá ser classificado como JASO MB, independentemente das outras avaliações.
Os lubrificantes da Motul para motocicletas das linhas 7100, 5100, 5000+, 5000 e 3000+ são classificados como JASO MA2. Isso acontece porque eles fornecem o melhor desempenho da embreagem úmida da motocicleta em serviço sob condições extremas de velocidade, acelerações e arranque da moto.
Para obter a norma JASO, é necessário que o lubrificante também atenda a limites em sua composição química e propriedades físicas. Dessa forma, além da padronização em relação ao atrito, também há um controle no que diz respeito a alguns parâmetros de performance.
O controle de registro é importante na hora de garantir que ele irá atender à exigência da moto. Por isso, o lubrificante deverá trazer consigo a indicação o código de registro JASO, conforme o exemplo do Motul 5000+ 20W-50:
A maioria das motocicletas no mercado nacional indicam o nível JASO associado ao nível API que o lubrificante deve atender para habilitar o seu uso. O nível JASO devido ao coeficiente de atrito e o nível API para complementar ao desempenho em requisitos de proteção contra desgaste, formação de borra, depósitos, entre outros.
Então, se no manual estiver exigindo nível JASO MA, é totalmente aplicável o uso de um lubrificante nível JASO MA2. Nesse caso, o lubrificante oferecerá níveis superiores de fricção e, consequentemente, irá garantir melhor performance na embreagem da motocicleta.
Para saber qual lubrificante usar na sua moto, acesse o nosso Guia de Aplicação. Também disponível para download na App Store e Play Store.
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